Uma pesquisa do Sebrae revela que mais de 60% das empresas que nascem todos os anos no Brasil morrem até o quarto ano de funcionamento. Os motivos são diversos, e vão desde a falta de planejamento até problemas financeiros e inaptidão gerencial dos proprietários. Mas isso todo mundo já sabe, é notório, vemos acontecer todos os dias. E ainda assim, porque as empresas continuam morrendo?
O que não faltam hoje são estatísticas, números, dados, e facilidade de acesso à informações. Conhecemos a carga tributária vergonhosa do Brasil, os custos com empregados, as taxas cobradas pelos bancos, a burocracia enferrujada, a falta de mão-de-obra especializada, o custo de vida. Mesmo assim, porque as empresas continuam agonizando, sufocando, morrendo?
A resposta mais simples à pergunta é: as empresas não morrem, se matam. Suicídio empresarial. Quando uma pessoa sabe que vai morrer e não faz nada a respeito, conhece as causas e efeitos mas não toma as ações necessárias para fugir das estatísticas, é se deixar morrer. É suicídio.
Uma grande parte dos empresários no Brasil não sabem fazer contas. Não sabem quanto custa manter as suas empresas. Não sabem qual o impacto da conta de luz e de água na sua rentabilidade, o custo real de uma mercadoria, quanto paga de imposto embutido e quanto isso se reflete nos gastos. Cuidam das finanças de suas empresas como quem faz as contas do supermercado no fim do mês. Não fazem previsões, nem provisões, a inadimplência aparece, e o buraco negro da falência assombra.
Além disso, existe um outro fator que é basicamente cultural: crise de identidade. Como os brasileiros, as empresas também não sabem quem são, qual seu objetivo, sua missão, pra onde ir. Somos um “país em desenvolvimento”, mas ainda temos as mazelas de povos miseráveis como os africanos. Não dá pra dizer que uma pessoa está perdida se ela não sabe onde quer chegar. O mesmo ocorre com as empresas. Quantas vezes se abrem negócios em um ramo pois se conhece alguém bem sucedido no mesmo negócio? O João da padaria está bem de vida? Então vamos lá abrir uma padaria também, mesmo sem conhecer o mercado, os fornecedores, seus clientes, o ponto de venda. Estudo de mercado com pessoas qualificadas? Caro demais, vamos no feeling mesmo. Se deu certo para ele, vai dar certo para mim também.
Olha aí mais uma futura ex-empresa.
Mas qual a solução? O que se deve fazer para reduzir os leitos na UTI neo-empresarial? Eu me arrisco a dizer que, tão simples quanto o diagnóstico, é a solução: sair da INÉRCIA. Fazer. Acontecer. Aprender a fazer suas contas, conhecer a fundo o negócio a se criar, planejar, estudar. É ajudar, de verdade, o crescimento do Brasil.
Gostei da materia. Muito interessante.