Perspectiva histórica da Administração

A Administração de Empresas, enquanto curso universitário, nasceu nos Estados Unidos e tem uma história de mais de 100 anos. Para se ter uma idéia, na Marquette University o curso de Administração vem sendo ministrado há mais de 80 anos.

Já no Brasil os cursos acadêmicos de Administração têm uma história muito curta, quando comparamos aos EUA onde os primeiros cursos na área se iniciaram no final do século XIX com a criação da Wharton School, em 1881. Em 1952, ano em que se iniciava o ensino de Administração no Brasil, os EUA já formavam em torno de 50 mil bacharéis, 4 mil mestres e 100 doutores por ano, em Administração.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) representa a primeira e mais importante instituição que desenvolveu o ensino de Administração, cuja origem remonta à criação do extinto DASP, em 1938. Este Órgão tinha como finalidade estabelecer um padrão de eficiência no serviço público federal e criar canais mais democráticos para o recrutamento de Recursos Humanos para a Administração Pública, através de concursos de admissão.

A idéia da criação da nova Instituição foi bem acolhida pelo então presidente da República, Getúlio Vargas, que autorizou o extinto DASP (Departamento de Administração do Serviço Público) a promover a abertura de uma entidade voltada ao estudo de princípios e métodos da organização racional do trabalho, com vistas à preparação de pessoal qualificado para a administração pública e privada. Surge, através do Decreto n° 6.933, a FGV, próxima do pólo dominante dos campos do poder político e econômico.

Fruto destas relações, em 1952 foi criada a Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) pela Fundação Getúlio Vargas (hoje EBAPE), com o apoio da ONU e da UNESCO para a manutenção inicial. O convênio com tais organismos internacionais previa a manutenção de professores estrangeiros na escola e bolsas de estudo para o aperfeiçoamento no exterior dos futuros docentes.

Com o estabelecimento da EBAP, no Rio de Janeiro, a Fundação Getúlio Vargas preocupou-se com a criação de uma escola destinada especificamente à preparação de administradores de empresas, vinculada ao mundo empresarial, com o objetivo de formar especialistas em técnicas modernas de administração empresarial. O que permitiu, em 1954, a criação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP).

Para iniciar as atividades nesta nova Instituição, a Fundação Getúlio Vargas firmou um acordo com a USAID (Desenvolvimento Internacional do Governo dos Estados Unidos). Neste convênio, o governo norte-americano se comprometia a manter junto a esta escola uma missão universitária de especialistas em administração de empresas, recrutada junto à Universidade Estadual de Michigan. Por outro lado, a Fundação Getúlio Vargas enviaria docentes para estudos de pós-graduação nos Estados Unidos, com o intuito de preencher os quadros do corpo docente da EAESP. Tal convênio revela a influência do ensino de administração norte-americano na realidade brasileira, evidenciado, sobretudo, através dos currículos e bibliografias. A missão universitária norte-americana atuou nesta instituição até 1965, fornecendo uma forte estrutura acadêmica, e permitindo-lhe ocupar uma posição dominante no funcionamento dos cursos de administração na sociedade brasileira.

Com a criação da Escola de Administração de Empresa de São Paulo (EAESP), surgiu o primeiro currículo especializado em Administração, tendo influenciado, de alguma forma, o movimento posterior nas instituições de ensino superior do país. A partir da década de sessenta, a Fundação Getúlio Vargas passou a criar cursos de pós-graduação na área de Economia, Administração Pública e de Empresas. Em meados dessa década, iniciou a oferta regular dos cursos de mestrado.

Foi em 1934 que surgiu a Universidade de São Paulo, através da aglutinação de faculdades já existentes e da abertura de novos centros de ensino. Em 1946, é criada a Faculdade de Economia e Administração – FEA – que tinha por objetivo formar funcionários para os grandes estabelecimentos de administração pública e privada.

Assim como a Fundação Getúlio Vargas, através da EBAP e da EAESP, também a Faculdade de Economia e Administração foi criada com um objetivo prático e bem definido: atender, através da preparação de recursos humanos, às demandas oriundas do acelerado crescimento econômico.

Mas, com as mudanças econômicas um novo acontecimento acentuou a tendência à profissionalização do Administrador. A regulamentação dessa atividade ocorreu na metade da década de sessenta, pela Lei n° 4.769 de 09 de Setembro de 1965. A presente Lei, no seu artigo 3, afirma que o exercício da profissão de Técnico em Administração é “privativo dos Bacharéis em Administração Pública ou de Empresa, diplomados no Brasil, em cursos regulares de ensino superior, oficial, oficializado ou reconhecido, cujo currículo seja fixado pelo Conselho Federal de Educação”, nos termos da Lei n° 4.024, de 20 de Dezembro de 1961, que fixa as Diretrizes e Bases da Educação no Brasil. Isso veio ampliar um vasto campo de trabalho para a profissão de administrador.

Números Atuais do Ensino de Administração

De acordo com o Censo do Ensino Superior, realizado pelo MEC em 2006, existiam cerca de 4.7 milhões de alunos matriculados em cursos de graduação presencial no país, sendo que desse total, cerca de 769 mil estavam matriculados nos cursos de Administração, representando 16,3% do universo de alunos matriculados nesse nível de ensino no Brasil (um crescimento de 2% face ao Censo de 2003).  

Fontes: CFA, CRA-RJ, GDF, MEC

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